É de doer no bolso, por hora isso é fato ao adquirir um carro elétrico, no Brasil. Atualmente os carros elétricos estão perdendo valor de revenda mais rapidamente no mercado brasileiro. Enquanto as vendas de modelos novos continuam a crescer, a depreciação acentuada dos veículos usados tem surpreendido consumidores e principalmente os frotistas. Segundo um estudo recente, modelos 100% elétricos com dois a três anos de uso podem perder até 47% do valor, impactando a revenda desses automóveis.
Dados da Webmotors, a maior plataforma de venda de veículos seminovos no Brasil, mostram que, em 2024, os carros elétricos usados desvalorizaram, em média, 12%. Esse número é o dobro do registrado para veículos híbridos (6%) e quase seis vezes maior que a depreciação dos carros a combustão, que foi de 2,25%.
Apesar do atrativo de um veículo mais sustentável, os carros elétricos têm permanecido até um ano nas lojas, aguardando compradores.
O maior obstáculo para os carros elétricos no Brasil é a durabilidade e o custo elevado das baterias. Estudos mostram que a bateria de um carro elétrico dura cerca de oito anos. Substituí-la custa praticamente o valor do veículo, o que torna o reparo inviável.
A falta de mão de obra especializada para a manutenção desses carros também é um fator que agrava a desvalorização dos elétricos seminovos, uma vez que o mecânico da esquina não tem a expertise para consertar um carro elétrico.
Outra questão é a infraestrutura de recarga, sendo um dos principais entraves para o crescimento dos elétricos no Brasil. Até agosto de 2024, o país contava com apenas 10.622 pontos de recarga públicos e semi públicos, a maioria sendo de carga lenta (AC), que demora horas para carregar um veículo.
As grandes locadoras, que costumam ser os principais clientes das montadoras, também estão repensando a expansão de suas frotas elétricas. Segundo a Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis (Abla), menos de 1% da frota das locadoras no Brasil é composta por veículos elétricos, e a depreciação desses automóveis tem frustrado as expectativas.
O impacto global também é notável. Em 2024, a Hertz desistiu de adquirir 100 mil Teslas e colocou à venda 20 mil carros elétricos por menos da metade do valor de compra, após prejuízos significativos com a desvalorização da frota.
MERCADO EM ASCENSÃO, MAS INCERTO
Apesar da desvalorização, o mercado de carros elétricos e híbridos usados no Brasil cresceu 90% entre janeiro e julho de 2024, totalizando 33 mil unidades vendidas. Entretanto, segundo Enilson Sales, presidente da Fenauto, ainda é cedo para comparar a desvalorização dos elétricos com a dos veículos a combustão. “Esse é um mercado em desenvolvimento e deve ser compreendido e avaliado de maneira diferenciada”, afirmou.
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