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Quem vivencia a realidade atual das pessoas que vivem na Colônia Santa Isabel talvez não saiba ou imagine o significado de segregação que, em um passado recente, foi praticado de forma escancarada contra seus pares.
Há 93 anos, nascia em Betim um dos símbolos mais marcantes de acolhimento e transformação social de Minas Gerais: a Colônia Santa Isabel. Fundada em 24 de dezembro de 1931, a instituição foi criada inicialmente como um leprosário, destinado ao isolamento e tratamento de pessoas acometidas pela hanseníase, uma doença cercada por estigmas e preconceitos na época. Hoje, o espaço transformou-se em um marco de resistência e memória, abrigando histórias de superação e solidariedade. Contudo, ainda há muito a ser feito para superar as barbaridades praticadas nas antigas colônias.
Localizada estrategicamente na zona rural de Betim, a Colônia Santa Isabel foi concebida em um período em que o Brasil enfrentava grandes desafios no combate à hanseníase. O isolamento compulsório era a principal medida adotada para conter a doença, e a Colônia tornou-se lar para milhares de pessoas afastadas de suas famílias e comunidades. Durante décadas, o local funcionou como uma “cidade autossuficiente”, com hospital, igrejas, escolas, cinema e até moeda própria.
Com o avanço da medicina e o controle da hanseníase a partir das décadas de 1970 e 1980, o modelo de isolamento compulsório foi abolido, e a Colônia começou a se transformar. Hoje, a Santa Isabel não é apenas um espaço de cuidado com a saúde, mas também um patrimônio histórico e cultural que resgata as memórias daqueles que ali viveram.
Atualmente, a Colônia é administrada pela Prefeitura de Betim e abriga o Hospital Dermatológico de Betim, especializado no tratamento de doenças dermatológicas, além de atender idosos e moradores de longa permanência. O espaço também é palco de ações culturais, como exposições e projetos que reforçam a importância de preservar sua história.
Para muitos, a Colônia Santa Isabel não é apenas um lugar físico, mas um símbolo de luta contra o preconceito e a exclusão.
Neste aniversário de 93 anos, a Colônia Santa Isabel mantém sua imponente arquitetura como testemunha da história. Para os descendentes e sobreviventes, o espaço evoca sentimentos que misturam dor, aprendizado e esperança. É um lembrete vivo de que o cuidado com o próximo e a preservação da dignidade humana devem estar no centro de qualquer sociedade, acima de qualquer circunstância.
Fotos: Arquivo Hélio Dutra
