O jornalista cultural Bernardo Franco, de 27 anos, filho do casal Daniela Guadagnin e Luiz Henrique Franco (Neném), pretende marcar um gol de placa ao retratar a vida de seu avô, contratado pelo Galo em 1947, onde permaneceu até 1954. Nesse período, Jacinto Franco do Amaral, o Moreno, como era chamado no time, participou de várias conquistas em campeonatos, incluindo a importante excursão do Atlético Mineiro em 1950 na Europa, onde conquistou a Taça de Campeão do Gelo. Na comemoração do centenário do Galo, em 2008, Moreno foi homenageado com seu nome na camisa de número 50, alusiva a conquista de Campeão do Gelo.
A década de 1950 foi marcada pelo pós-Segunda Guerra Mundial, que trouxe novas perspectivas econômicas e a retomada da paz mundial, com o futebol como agente de pacificação. O Clube Atlético Mineiro foi um dos primeiros clubes brasileiros a competir no continente europeu.
Além do betinense Jacinto Franco do Amaral (Moreno), a delegação contava com Kafunga, Mão de Onça, Afonso, Oswaldo, Juca, Márcio, Vicente, Zé do Monte, Haroldo, Barbatana, Vicente Pérez, Lucas Miranda, Lauro, Zezinho, Alvinho, Nívio Gabrich, Vavá, Murilinho e Vaguinho. O técnico era o uruguaio Ricardo Diéz.
O avô de Bernardo nasceu na Capela Nova do Betim em 1923 e viveu toda a sua vida na cidade. Escolheu o futebol como profissão desde quando vestiu a camisa do Sete de Setembro, time de futebol amador de Betim, passando pelo extinto Siderúrgica de Sabará, antes de chegar ao Clube Atlético Mineiro em 1947. Moreno vestiu a camisa do Galo até 1954, encerrando sua carreira futebolística com sucesso, quando se tornou um dos primeiros empresários do ramo imobiliário em Betim.
Segundo Bernardo, a maior vitória de Moreno foi criar sua família em uma época difícil, demonstrando muita determinação. Nascido, casado e constituído família em Betim, Moreno construiu sua residência às margens do Riacho das Areias, no encontro com o Rio Betim, onde sempre morou e criou a família. Foi um grande jogador e um bom pai de família, defendendo com determinação as oportunidades que a vida lhe proporcionou. Viajou o mundo, mas fincou sua história em Betim.
No final da vida, em 2001, Jacinto enfrentou a depressão que o levou ao alcoolismo. A diabetes resultou na amputação de suas duas pernas, um contraste com a época em que jogava futebol e era totalmente contra o consumo de bebidas alcoólicas.
Apesar do final triste, Bernardo vê com orgulho a trajetória do avô e está produzindo um documentário intitulado “Meu avô: Campeão do Gelo”, que inclui aspectos da vida real. O documentário conta com a participação de Vavá, que também fez parte da delegação atleticana em 1950. A princípio, o filme será lançado no bar do ator Daniel Oliveira (Território do Galo). Mas sua conclusão ainda depende de patrocínio, diz o esperançoso jornalista Bernardo Franco.