A noite de sexta-feira (12) foi marcante para a comunidade de Águas Vermelhas, no Norte de Minas, com o retorno do conterrâneo e escritor Nelson Pereira Flôres. A cidade foi palco do lançamento de seu livro “A Rosa e o Machado: Memórias de um brasileiro excluído”, em um evento organizado pela Secretaria Municipal de Cultura, na Câmara Municipal.
O momento mais emocionante ocorreu quando o amigo de infância de Nelson, Esmeraldo Pereira, hoje com 78 anos, relembrou e compartilhou a difícil separação de Nelson do convívio social, que resultou em discriminação para a família Flores na época.
Publicado pela Autores do Brasil, o livro registra a autobiografia de Nelson Flores em 750 páginas, destacando os anos vividos na Colônia Santa Isabel, em Betim, e a saudade de sua terra natal, além do confinamento compulsório em colônias, prática comum na época no Brasil para ex-pacientes de hanseníase.
O título do livro foi escolhido para resumir a jornada de dor e superação de Flores. Para ele, a rosa simboliza a esperança em dias melhores e a luta pela sobrevivência, enquanto o machado representa a ação que podou seus sonhos, cortou seu caminho e o separou de seus pais. Cada capítulo é contado de forma a facilitar a leitura e a compreensão.
Nelson Pereira Flôres nasceu em 1˚ de abril de 1943, em Águas Vermelhas, Minas Gerais, e foi internado compulsoriamente na Colônia Santa Isabel, em Betim (MG), em agosto de 1955, aos 12 anos de idade. Os anos vividos na comunidade fizeram dele uma testemunha qualificada da história da hanseníase.
O autor comenta: “Quero espalhar a minha história para o mundo para que essa situação nunca mais aconteça e que as pessoas entendam que a hanseníase, hoje, é fácil de tratar”.