Em 2021, a Prefeitura de Betim firmou contrato com o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social (IBDS) para gerir o Centro Especializado em Covid-19 do município (Cecovids). Cerca de R$80 milhões anuais foram repassados pela Prefeitura à Organização Social para quitar salários dos profissionais de saúde e insumos diversos consumidos no Cecovid, no Hospital de Campanha e no Regional. Acontece que, até a presente data, cerca de 80 médicos continuam sem receber seus salários e agora eles recorreram à Câmara Municipal para cobrar do IBDS o repasse do dinheiro de seus honorários retido ilegalmente pela contratada.
No final do ano, o IBDS cometeu diversas irregularidades contratuais com a Secretaria Municipal de Saúde, sendo as mais graves deles o não pagamento dos salários dos profissionais que atuaram na linha de frente do Cecovid. À época, esses profissionais, no auge do combate à pandemia, receberam várias homenagens e foram reconhecidos como verdadeiros “Heróis”. Mas, abandonados pelo poder público, passaram a usar a internet para denunciar a ONG que não repassava os recursos recebidos da Prefeitura para quitar a folha de pagamento dos funcionários.
O IBDS, a mesma ONG contratada pela Prefeitura de Betim, já foi alvo de investigação da Operação “Entre Amigos”, deflagrada em dezembro de 2020 pela Polícia Federal para investigar o desvio de mais de R$100 milhões em recursos do Hospital de Campanha e de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Prefeitura de Divinópolis. Foram cumpridos trinta mandados, sendo efetuadas quatro prisões e 26 buscas e apreensões.
Em nota, a Prefeitura de Betim informou à época que cumpriu todas as suas obrigações contratuais com o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social, garantindo os repasses no valor correto. Mas, passado mais de um ano, não se tem notícia se a Prefeitura cobrou judicialmente o dinheiro público que foi desviado pela referida ONG.
Se os Edis irão questionar a Prefeitura e a IBDS sobre o descaso com os profissionais da saúde, só o tempo dirá.