Texto: Neide Soreani ***
Pequena, modesta e hospitaleira… Tinha a igreja velha, a igreja nova, o grupo velho, o grupo novo, o Cine Marcelino, o Industrial, o Vera Cruz e a Praça do Óleo…
Tinha o “subúrbio” para Belo Horizonte e, também, a “jardineira”. Tinha o “Padre Osório”, o “Zé Banzerê”, o “Zé da Bibita”, o “Zé Chofer”, a “Amélia Parteira”,
a “Geralda Gracinha (Torrão da Igreja Velha)”, o Antônio Pé de Valsa e o Camilinho… A loja do “Realino”, a venda do “João Quintino”, a alfaiataria do Ady, a loja da “Velina”,
a do “Lapinha”, a Loja Baran e o Bar do Pigmeu… Tinha o “Inhô e o Abel Barbeiro”… O Ginásio Nossa Senhora do Carmo, a Casa de Saúde, o Bar do Periquito, o mercado
e o “Casqueiro”… Tinha o matadouro municipal, o “encontro”, a represa e o lactário… E a Igrejinha da Gilda era tão longe… Tinha procissão na Semana Santa e na festa
da padroeira. Tinha Congado, a banda do “Divino Braga” e o conjunto do João Careca… Tinha a “biquinha”, a “cacimba”, o “Zóio D’Água”, a “Rua do Cerrado”
e o Córrego do Feijão…. Tinha o “Táxi do Agripino”, o caminhão do “Zé Venâncio” e a pipoca do “Domingo do Paco”… Betim era assim… Tinha um só coração…
A modernidade foi chegando e Betim teve até o jornal do Closé que além das fofocas,
promovia bailes e concurso de misses. Teve “Boate”, o JK’oppos, a “Baiúca”, o “Bodegon Del Gringo”,
e outras coisas mais…
As indústrias chegaram e com elas os “gringos”, os empregos e as favelas…
A população aumentou, o comércio cresceu, os carros apareceram.
Betim virou notícia… até no estrangeiro.
A indústria trouxe notoriedade, progresso e problemas…
O cinema acabou, o subúrbio sumiu, a boate fechou, o rio limpo, sujou…
Aquele coração que batia num só compasso, se espalhou em oito batidas fortes e distintas.
E a Betim de hoje, fragmentada em oito regiões, é sempre notícia.
É grande, próspera e moderna.
Mas o melhor de tudo: continua hospitaleira.
Neide Soriani foi a primeira Miss Betim em 1969, e hoje professora aposentada.
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